A Vale anunciou nesta segunda-feira investimentos de R$ 67 bilhões em Minas Gerais até 2030, durante evento de reinauguração da mina Capanema, em Ouro Preto. A cerimônia contou com a presença do governador Romeu Zema (Novo), pré-candidato à Presidência da República, e marcou a retomada de uma das operações mais antigas da mineradora, paralisada havia 22 anos.

Segundo a empresa, a maior parte do aporte será destinada a soluções de filtragem e empilhamento a seco de rejeitos, com o objetivo de reduzir de 30% para 20% o uso de barragens em suas operações no estado. De acordo com Rogério Nogueira, vice-presidente executivo Comercial e de Desenvolvimento da Vale, a mudança reforça a segurança e amplia a oferta de minério de ferro de alta qualidade, especialmente o pellet feed high grade, essencial para rotas de produção de aço com menor emissão de gases de efeito estufa.

A mina Capanema recebeu cerca de R$ 5,2 bilhões em investimentos e vai acrescentar aproximadamente 15 milhões de toneladas por ano à produção da companhia. A expectativa é alcançar entre 340 e 360 milhões de toneladas anuais em 2026, contribuindo para recuperar volumes perdidos em Minas após o desastre de Brumadinho, em 2019. As obras duraram cinco anos, envolveram cerca de 40 empresas e chegaram a mobilizar mais de seis mil trabalhadores no pico das atividades, com prioridade para mão de obra local. Atualmente, a operação conta com 800 empregados.

A nova unidade foi projetada para operar a umidade natural, sem uso de água no processamento e sem geração de rejeitos, eliminando a necessidade de barragem. O projeto incorpora ainda caminhões autônomos e soluções de circularidade, como o reprocessamento de minério contido em antigas pilhas de estéril.

O presidente da Vale, Gustavo Pimenta, afirmou que Minas Gerais está “no centro da transformação” da companhia, destacando a evolução cultural após os desastres de Mariana (2015) e Brumadinho (2019). Ele disse que a reabertura de Capanema representa uma nova fase da mineração no estado, com foco em responsabilidade, inovação e descarbonização.

As relações entre a mineradora e autoridades mineiras foram abaladas nos últimos anos, mas a empresa firmou em 2023 um amplo acordo com Samarco, BHP e o poder público para avançar nas reparações. Com o novo pacote de investimentos, a Vale reforça o papel estratégico de Minas Gerais em seu portfólio, ao lado do Pará, onde lançou em 2024 o programa Novo Carajás, de R$ 70 bilhões.