Trump pede saída de CEO da Intel por laços com China e reacende crise na indústria de chips
Pressão política pode travar reestruturação da fabricante americana e afugentar investidores

A recente exigência do presidente Donald Trump para que o CEO da Intel, Lip-Bu Tan, renuncie ao cargo por supostos conflitos com a China reacendeu incertezas sobre o futuro da fabricante americana de chips, que já enfrentava uma fase crítica de reestruturação.
Tan, que assumiu o comando da Intel há apenas seis meses, tenta reverter prejuízos e reposicionar a empresa após anos de perda de competitividade frente a rivais como Nvidia e TSMC. No entanto, acusações de vínculos com empresas chinesas, incluindo algumas associadas ao setor militar, colocaram seu nome no centro de um embate político e econômico.
A pressão de Trump ocorre num momento em que a Intel reduz investimentos em novas fábricas, como no caso das obras em Ohio, priorizando uma expansão baseada em demanda real. A decisão contraria a expectativa de grandes aportes imediatos, como os feitos por Apple e Nvidia, e pode frustrar o plano “América Primeiro” defendido por Trump.
Mesmo com apoio do conselho da Intel e declaração pública reafirmando seu compromisso com os Estados Unidos, Tan enfrenta resistência crescente, inclusive no Congresso. O senador republicano Tom Cotton solicitou esclarecimentos formais sobre sua ligação com a Cadence, empresa que liderou até 2021 e que recentemente pagou multa por vender software a uma universidade militar chinesa.
Embora não haja ilegalidade comprovada nos investimentos pessoais de Tan, o desgaste político pode desestabilizar ainda mais a fabricante americana, que tenta retomar protagonismo no mercado de chips e avançar com sua reestruturação industrial em meio à concorrência global.
Investidores já sinalizam preocupação. Para analistas, o cenário é de risco: um possível afastamento de Tan atrasaria cortes de custos e simplificação da linha de produtos, pontos centrais da atual estratégia industrial da empresa.