TERCEIRO BOLETIM INDUSTRIAL

As principais notícias do setor industrial brasileiro da semana do dia 07 a 11 de abril de 2025

  11 DE ABR, 2025


TERCEIRO BOLETIM INDUSTRIAL

TRUMP ELEVA TARIFAS SOBRE CHINA PARA 145%

A guerra comercial entre EUA e China atingiu um novo patamar ontem, quando o presidente Donald Trump elevou as tarifas sobre produtos chineses para impressionantes 145%. A indústria brasileira está em alerta máximo, temendo os efeitos colaterais deste conflito entre gigantes. Com o mercado americano praticamente fechado, a China precisará escoar seu excedente de produção, estimado em US$ 300 bilhões anuais, e o Brasil surge como um dos destinos mais prováveis para esta avalanche de produtos.

Análise técnica

Nossa indústria já opera com margens comprimidas devido ao “Custo Brasil” (alta carga tributária, infraestrutura deficiente, burocracia excessiva). Produtos chineses chegam com preços artificialmente baixos devido a subsídios estatais e práticas de dumping. Setores como têxtil, eletrônicos, siderurgia e bens de capital serão os mais afetados, com potencial perda significativa de participação no mercado doméstico.

Nosso comentário

Enquanto Trump defende assertivamente os interesses americanos, o Brasil mantém uma postura passiva e ideológica. Em vez de implementar medidas efetivas como redução de impostos e desburocratização, nosso governo insiste em soluções estatistas que não resolvem os problemas estruturais. A guerra comercial é um alerta: ou modernizamos nossa indústria e reduzimos o Custo Brasil, ou seremos meras vítimas colaterais deste conflito entre gigantes!

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INDÚSTRIA PEDE PROTEÇÃO CONTRA INVASÃO CHINESA

O setor produtivo brasileiro está mobilizado pedindo ao governo medidas urgentes de monitoramento das importações chinesas e ativação de mecanismos de defesa comercial. A preocupação é que, com o fechamento do mercado americano, o Brasil seja inundado por produtos chineses a preços predatórios. Nossos mecanismos de defesa comercial são lentos e burocráticos - um processo antidumping leva em média 14 meses para ser concluído, enquanto o dano à indústria ocorre em questão de semanas. A capacidade de monitoramento das importações também é deficiente, com sistemas desatualizados e falta de integração entre órgãos de fiscalização.

Análise técnica

Setores como aço, têxtil, calçados e eletrônicos, que já enfrentam concorrência chinesa, podem ver sua situação deteriorar rapidamente sem medidas efetivas de proteção. A China mantém um aparato estatal que subsidia fortemente sua indústria e manipula sua moeda para ganhar competitividade artificial, práticas que distorcem completamente o livre mercado e prejudicam indústrias que operam sem estes benefícios.

Nosso comentário

O pedido do setor produtivo é mais que justo, é uma questão de sobrevivência! Enquanto a China mantém um Estado forte que subsidia sua indústria, o Brasil insiste em uma abertura comercial ingênua e unilateral. O atual governo, com sua retórica de “reindustrialização”, na prática faz pouco para proteger efetivamente nossa indústria da concorrência desleal. Não se trata de protecionismo ultrapassado, mas de garantir condições equitativas de competição. Um país que não defende sua indústria está condenado a ser mero exportador de commodities!

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FUNDOS CONSTITUCIONAIS AUMENTAM RECURSOS PARA INDÚSTRIA EM 19%

Os Fundos Constitucionais de Financiamento (FNE, FCO e FNO) disponibilizarão R$ 7,7 bilhões em linhas de crédito para a indústria em 2025, um aumento de 19% em relação ao ano anterior. O FNE, voltado para o Nordeste, teve o maior crescimento (28%), disponibilizando R$ 5,7 bilhões. Já o FCO oferecerá R$ 1,5 bilhão para o Centro-Oeste (aumento de 4,7%) e o FNO disponibilizará R$ 520 milhões para o Norte (queda de 17,3%). Dos recursos do FNE, R$ 2,2 bilhões são destinados à chamada “Política de Neoindustrialização” e R$ 9,5 bilhões para infraestrutura.

Análise técnica

 Estes fundos oferecem taxas de juros subsidiadas que podem ser até 7 pontos percentuais menores que as praticadas no mercado, viabilizando investimentos que de outra forma seriam inviáveis nas regiões menos desenvolvidas. O crescimento expressivo do FNE é particularmente significativo, pois o Nordeste apresenta o maior déficit de infraestrutura industrial do país. Os recursos podem ajudar a reduzir gargalos logísticos que historicamente prejudicam a competitividade industrial destas regiões.

Nosso comentário

Embora o aumento de recursos seja positivo, é preciso questionar a eficiência destes fundos constitucionais. Historicamente, estes mecanismos de crédito subsidiado têm sido utilizados de forma pouco transparente e muitas vezes capturados por interesses políticos regionais. O verdadeiro desenvolvimento industrial não virá de subsídios estatais, mas da redução estrutural do Custo Brasil. De que adianta oferecer crédito mais barato se a empresa continuará pagando impostos exorbitantes e enfrentando burocracia sufocante?

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JAPÃO ADOTARÁ ETANOL NA GASOLINA: OPORTUNIDADE DE OURO PARA O BRASIL

O Japão anunciou que adicionará 10% de etanol à gasolina até 2030 (E10) e 20% até 2040 (E20), abrindo um mercado potencial de 4,45 bilhões de litros anuais para o Brasil, dobrando para 9 bilhões a partir de 2040. Além disso, o país incluirá etanol no SAF (Combustível Sustentável de Aviação) para 10% dos voos internacionais, criando uma demanda adicional de 3 bilhões de litros anuais. O acordo foi firmado durante visita do presidente Lula ao Japão em março e faz parte de uma estratégia brasileira de diversificação de mercados diante das incertezas com os EUA. Segundo Evandro Gussi, presidente da Unica, o Japão servirá de vitrine para outros países asiáticos, com Índia, Malásia, Indonésia e Tailândia já demonstrando interesse.

Análise técnica

O Brasil possui vantagens competitivas únicas neste setor: produtividade agrícola superior, domínio tecnológico do processo produtivo e infraestrutura estabelecida. A expansão para mercados asiáticos pode multiplicar o potencial de exportação, criando um contrapeso à dependência dos mercados americano e chinês. O etanol é um exemplo perfeito de como podemos agregar valor às nossas commodities agrícolas e exportar produtos industrializados.

Nosso comentário

Esta parceria com o Japão demonstra o caminho que o Brasil deveria seguir: pragmatismo comercial em vez de alinhamentos ideológicos. No entanto, é preciso questionar por que apenas agora, diante das ameaças de Trump, o governo busca diversificar mercados. O setor sucroalcooleiro brasileiro, que se desenvolveu com investimento privado e inovação tecnológica, mostra o caminho para o desenvolvimento industrial: menos intervenção estatal e mais liberdade para empreender. É este modelo, não o dirigismo estatal da “neoindustrialização”, que deveria guiar nossa política industrial!

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CHINA RETALIA E AUMENTA TARIFAS SOBRE PRODUTOS AMERICANOS

Em resposta às medidas de Trump, a China anunciou ontem o aumento de tarifas sobre produtos americanos, intensificando a guerra comercial global. As bolsas europeias e os futuros dos EUA caíram imediatamente após o anúncio, sinalizando a preocupação dos mercados com a escalada do conflito. Esta retaliação afeta o Brasil de duas formas: primeiro, produtos americanos que perderem mercado na China buscarão mercados alternativos, aumentando a competição em setores onde o Brasil exporta; segundo, a China buscará novos fornecedores para substituir importações americanas, criando oportunidades para exportadores brasileiros.

Análise técnica

Setores como soja, carne, celulose e minério de ferro podem se beneficiar no curto prazo com a substituição de fornecedores americanos no mercado chinês. Entretanto, a volatilidade cambial e a queda nas bolsas resultantes desta escalada tendem a aumentar o custo de capital e dificultar decisões de investimento de longo prazo, prejudicando projetos industriais que dependem de previsibilidade. O cenário exige que empresas brasileiras desenvolvam estratégias de hedge cambial e diversificação de mercados.

Nosso comentário

A escalada da guerra comercial evidencia o fracasso do modelo de globalização sem regras claras que prevaleceu nas últimas décadas. Trump está correto ao exigir reciprocidade nas relações comerciais e ao enfrentar práticas desleais chinesas como roubo de propriedade intelectual e subsídios estatais. O Brasil precisa aprender com este cenário e adotar uma postura mais assertiva em defesa de seus interesses nacionais. Nossa diplomacia, historicamente pautada por princípios abstratos e alinhamentos ideológicos, precisa se tornar mais pragmática e focada em resultados concretos para nossa economia!

 


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