Taurus avalia migração de fábricas para os EUA e ameaça 15 mil empregos no Brasil

Fabricante de armas pode realocar operações diante de tarifa de 50% imposta pelos EUA, colocando em risco milhares de postos de trabalho e a competitividade da indústria nacional

  28 DE JUL, 2025


Taurus avalia migração de fábricas para os EUA e ameaça 15 mil empregos no Brasil

A fabricante brasileira Taurus Armas SA, referência global na produção de armas pequenas e munições, anunciou que estuda deslocar suas operações do Brasil para os Estados Unidos. A mudança ocorre em reação à imposição de uma tarifa de 50% sobre exportações brasileiras destinadas ao mercado americano, que deverá entrar em vigor em 1º de agosto de 2025. A companhia já adiantou que o novo regime aduaneiro pode afetar até 15 mil empregos no Brasil.

O anúncio é reflexo direto da decisão do governo norte-americano, que em 9 de julho elevou a sobretaxa sobre uma ampla gama de produtos brasileiros, incluindo armas e munições, como parte de sua política de proteção à indústria doméstica. Em 2024, aproximadamente 61,3% das exportações brasileiras do setor tiveram como destino os Estados Unidos, totalizando quase US$ 3 bilhões, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).

Segundo o CEO Salesio Nuhs, caso as tarifas sejam implementadas, a Taurus considera encerrar suas fábricas no Rio Grande do Sul e em São Paulo, onde concentra sua produção nacional, para centralizar operações em sua planta já instalada nos Estados Unidos. A medida busca contornar os custos elevados e preservar a competitividade no maior mercado consumidor de sua produção atual.

A possível mudança ameaça comprometer cerca de 15 mil postos de trabalho diretos e indiretos, incluindo trabalhadores das linhas de produção, fornecedores de insumos, transporte, serviços e setores de apoio das regiões industriais do Sul e Sudeste. Representantes sindicais e entidades ligadas à indústria alertam que, além do impacto sobre os empregos, a saída da empresa poderia gerar queda na arrecadação tributária local e provocar desequilíbrios econômicos significativos nos polos industriais.

O cenário também ganhou repercussão política. Autoridades brasileiras vêm questionando a medida norte-americana, classificando-a como um ataque à soberania econômica nacional. Analistas apontam que a decisão dos EUA tende a intensificar a tensão diplomática entre os dois países e reacende o debate sobre a urgência de diversificar mercados de exportação, reduzindo a dependência de um único destino vulnerável a mudanças regulatórias.

Enquanto isso, especialistas em comércio exterior avaliam que empresas do setor, incluindo a Taurus, devem buscar alternativas para mitigar os efeitos da tarifa. Entre as opções discutidas estão relocalizações parciais, parcerias em novos mercados e investimentos em linhas de produtos diversificadas. Para os trabalhadores brasileiros, contudo, o risco mais imediato permanece sendo a ameaça de sobrevivência diante da perda de competitividade no exterior.


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