Setor têxtil brasileiro em alerta com possível aumento de importações chinesas.
Alta de tarifas nos EUA pode desviar excedente asiático para o Brasil e ameaça competitividade da indústria têxtil nacional.

A recente decisão dos Estados Unidos de elevar tarifas de importação para diversos países, especialmente para a China, tem gerado preocupação na indústria têxtil brasileira. Fernando Valente Pimentel, diretor-superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), alertou para o risco de uma "inundação" de produtos chineses no mercado brasileiro.
As sobretaxas chegam a 34% sobre produtos chineses, enquanto o Brasil enfrentará um aumento de 10%. Outros países asiáticos, como Vietnã (46%), Camboja (49%) e Bangladesh (37%), também foram afetados. A medida busca conter a entrada de produtos considerados desleais ao mercado norte-americano, mas pode gerar efeitos colaterais em economias de países em desenvolvimento.
Com essas barreiras, há uma expectativa de que a indústria têxtil asiática procure novos mercados para escoar sua produção, e o Brasil, com um mercado consumidor relevante e tarifas mais baixas, se torna um destino provável. Isso pode pressionar a indústria nacional, já fragilizada por altos custos de produção, burocracia e concorrência externa.
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Segundo a Abit, o setor têxtil brasileiro emprega cerca de 1,5 milhão de pessoas e é um dos maiores da cadeia produtiva industrial do país. Uma enxurrada de produtos importados a preços mais baixos pode comprometer empregos, fechar fábricas e desestimular investimentos.
Pimentel enfatiza a urgência de medidas de defesa comercial, como a aplicação de salvaguardas e o monitoramento rigoroso das importações, para proteger a indústria nacional. O objetivo é garantir condições justas de competição e preservar a capacidade produtiva do setor.
O cenário atual reforça a importância de políticas industriais e estratégias comerciais que valorizem a produção local, especialmente em momentos de instabilidade global e reconfiguração das cadeias de suprimento.