SEGUNDO BOLETIM INDUSTRIAL

As principais notícias do setor industrial brasileiro da semana do dia 07 a 11 de abril de 2025

  10 DE ABR, 2025


SEGUNDO BOLETIM INDUSTRIAL

CHINA PODE INVADIR NOSSO MERCADO APÓS TARIFAS DE TRUMP


O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, impôs recentemente tarifas significativas sobre produtos chineses, variando de 25% a 50% em diversos setores. Como consequência direta, a China precisará encontrar novos mercados para escoar sua produção excedente. Segundo análises da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e especialistas do setor, o Brasil se tornou um alvo prioritário para os produtos chineses, especialmente nos segmentos têxtil, siderúrgico e eletrônico. Estima-se que o volume de importações chinesas possa aumentar entre 15% e 20% nos próximos meses, criando uma pressão competitiva sem precedentes para nossa indústria nacional, que já opera com margens reduzidas devido aos altos custos de produção locais.

Análise técnica

A China precisará escoar seu excedente de produção e o Brasil é um alvo fácil devido ao nosso “Custo Brasil” que já deixa nossa indústria em desvantagem competitiva. Os produtos chineses chegam ao mercado brasileiro com preços até 30% menores que os similares nacionais, principalmente devido aos subsídios governamentais chineses, menor carga tributária e escala de produção muito superior. Nossa indústria, especialmente nos setores têxtil e eletrônico, opera com capacidade ociosa entre 25% e 30%, o que dificulta ainda mais a competição com produtos importados.

Nosso comentário

Enquanto o governo atual insiste em subsídios que não resolvem o problema, precisamos de medidas reais: redução de impostos, menos burocracia e infraestrutura decente. Não dá para competir com a China carregando o estado nas costas!

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FATURAMENTO E EMPREGO INDUSTRIAL CRESCEM EM FEVEREIRO

De acordo com o relatório dos Indicadores Industriais divulgado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) nesta semana, o setor industrial brasileiro apresentou resultados positivos em fevereiro de 2025. O faturamento real da indústria aumentou 1,6% em comparação com janeiro, acumulando alta de 5,5% em 2025 em relação a dezembro de 2024. As horas trabalhadas na produção subiram 2%, marcando o segundo mês consecutivo de crescimento, com acumulado de 3,3% no ano. O emprego industrial também cresceu 0,4%, totalizando aumento de 0,8% em 2025. Estes dados são particularmente significativos considerando o cenário macroeconômico desafiador, com taxa Selic em 14,25% e pressões inflacionárias. Entretanto, o relatório também apontou queda de 0,6% na massa salarial e redução de 1% no rendimento médio do trabalhador industrial, sinalizando pressões nos custos operacionais das empresas.

Análise técnica

Mesmo com juros nas alturas (14,25%), nossa indústria mostra resiliência. A capacidade instalada está em 78,9%, indicando que ainda há espaço para crescer sem grandes investimentos. O crescimento do faturamento em 1,6% representa um aumento real, já descontada a inflação, o que demonstra ganho efetivo de receita. O aumento de 2% nas horas trabalhadas, combinado com crescimento de apenas 0,4% no emprego, sugere ganhos de produtividade, fator crucial para a competitividade do setor. A manutenção da Utilização da Capacidade Instalada (UCI) em 78,9% indica que a indústria ainda opera com margem para expandir a produção sem necessidade imediata de novos investimentos em capacidade.

Nosso comentário

O empresário brasileiro é guerreiro! Conseguimos avançar mesmo com o BC mantendo juros estratosféricos. Se o governo controlasse os gastos públicos em vez de pressionar por cortes artificiais na Selic, poderíamos crescer muito mais.

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SETOR AUTOMOTIVO: TARIFAS DE TRUMP MUDAM O JOGO GLOBAL

A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) divulgou um estudo detalhado sobre o impacto das novas tarifas impostas pelo presidente Donald Trump no setor automotivo global. Segundo o levantamento, as tarifas de 25% sobre autopeças e importação de automóveis podem provocar uma redução de 1 milhão de veículos no mercado americano, que passaria de 15,9 milhões para 14,9 milhões de unidades vendidas anualmente. O aumento do preço final dos veículos nos EUA é estimado entre US$ 3 mil e US$ 12 mil por unidade, dependendo do modelo e origem. Além disso, a Anfavea projeta que as tarifas terão impacto direto na transição para veículos eletrificados, atrasando significativamente este processo nos EUA, já que boa parte da tecnologia e componentes para carros elétricos é importada. O estudo também aponta para um redirecionamento de investimentos globais e criação de capacidade ociosa em países como México, Coreia do Sul e Canadá, que atualmente exportam principalmente para os EUA. O México, que vendeu 3,2 milhões de veículos para os EUA em 2024 (76% de sua produção), poderá redirecionar sua capacidade ociosa para outros mercados, incluindo o Brasil, com quem mantém acordo de livre comércio.

Análise técnica

Isso vai causar redirecionamento de investimentos globais e o México (que tem acordo conosco) pode direcionar sua capacidade ociosa para o Brasil. O impacto no setor automotivo brasileiro pode ser significativo, considerando que o México possui 37 plantas automotivas e mais de mil fabricantes de autopeças, com custos de produção menores que os brasileiros. Por outro lado, o atraso na eletrificação da frota americana pode dar ao Brasil tempo adicional para desenvolver sua própria estratégia de transição energética, potencialmente aproveitando nossa vantagem competitiva em biocombustíveis. As montadoras globais terão que reavaliar suas estratégias de investimento, o que pode dificultar a atração de novos projetos para o Brasil se houver capacidade ociosa em outros países com custos mais competitivos.

Nosso comentário

Enquanto nossa diplomacia fica fazendo média com ditaduras, perdemos oportunidades de negociar acordos vantajosos com os EUA. É hora de uma política externa pragmática que defenda nossos interesses comerciais, não ideologias!

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PRODUÇÃO INDUSTRIAL RECUA PELO QUINTO MÊS CONSECUTIVO

 Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta semana revelam que a produção industrial brasileira recuou 0,1% em fevereiro na comparação com janeiro, acumulando cinco meses consecutivos sem crescimento. O resultado ficou bem abaixo das expectativas do mercado, que projetava avanço de 0,4% no mês. Na comparação com fevereiro de 2024, houve crescimento de 1,5%, também abaixo da expectativa de 2,1%. Os setores mais afetados pela queda foram produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-12,3%), máquinas e equipamentos (-2,7%), produtos de madeira (-8,6%), produtos diversos (-5,9%), veículos automotores (-0,7%), máquinas e aparelhos elétricos (-1,4%), equipamentos eletrônicos (-1,5%) e móveis (-2,1%). Entre as categorias econômicas, a fabricação de Bens de Consumo recuou 1,3%, com queda de 3,2% nos Bens de Consumo Duráveis e 0,8% nos Semi e não Duráveis. Por outro lado, as indústrias de Bens de Capital e de Bens Intermediários apresentaram aumentos de 0,8% cada. Com esses resultados, a indústria brasileira está operando 15,7% abaixo do ponto mais alto da série histórica, registrado em maio de 2011, segundo o IBGE. André Macedo, gerente da pesquisa no IBGE, destacou que “esse menor dinamismo da indústria configura uma mudança de trajetória da indústria brasileira. Essa queda por cinco meses deixa muito claro que a indústria perde intensidade e ritmo”.

Análise técnica

Estamos operando 15,7% abaixo do pico histórico de 2011, mostrando que o problema é estrutural e de longo prazo. A queda generalizada em diversos setores industriais, especialmente em segmentos de maior valor agregado como farmacêutico e bens de consumo duráveis, evidencia os desafios estruturais enfrentados pela indústria brasileira. A combinação de juros elevados (Selic a 14,25%), câmbio depreciado e inflação alta cria um ambiente extremamente desafiador para o setor industrial. O crescimento de 0,8% nas indústrias de Bens de Capital, embora positivo, não é suficiente para compensar as quedas em outros segmentos, indicando que os investimentos em máquinas e equipamentos ainda são tímidos frente às necessidades de modernização do parque industrial brasileiro.

Nosso comentário

Cadê a tal “reindustrialização” prometida? O programa Nova Indústria Brasil é mais um pacote de intenções que não ataca as causas reais da desindustrialização: impostos altos, burocracia sufocante e insegurança jurídica. Países que prosperaram industrialmente fizeram o oposto do que estamos fazendo!

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CNI VÊ OPORTUNIDADES NAS TARIFAS DE TRUMP

Em declaração recente, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, demonstrou otimismo quanto às possíveis oportunidades que as novas tarifas impostas pelo presidente Donald Trump podem criar para a indústria brasileira. Segundo Alban, embora as tarifas representem desafios para o comércio global, elas também abrem espaços para que produtos brasileiros ocupem nichos no mercado americano que antes eram dominados por outros países, especialmente a China. A CNI identificou potencial para expansão das exportações brasileiras em setores como agronegócio processado, siderurgia, celulose e papel, e alguns segmentos da indústria química. A entidade está organizando uma missão empresarial aos Estados Unidos para explorar essas oportunidades e estabelecer novos canais de negociação. Alban destacou que o Brasil possui vantagens competitivas em diversos setores que podem ser aproveitadas neste novo cenário, mas enfatizou que será necessário superar gargalos logísticos, reduzir a burocracia nas exportações e melhorar a capacidade de atender às exigências técnicas e sanitárias do mercado americano. A CNI também está elaborando um estudo detalhado sobre os impactos das tarifas americanas em cada setor da indústria brasileira, com previsão de divulgação nas próximas semanas.

Análise técnica

Podemos ocupar espaços em setores onde temos competitividade, como agronegócio processado e siderurgia, mas precisamos resolver gargalos logísticos e burocráticos. O Brasil possui vantagens competitivas naturais em diversos setores, como mineração, siderurgia, celulose e proteína animal processada, que podem ganhar maior participação no mercado americano com a redução da presença chinesa. Entretanto, para aproveitar estas oportunidades, precisamos superar desafios estruturais como o alto custo logístico (estimado em 12% do PIB, contra 8% nos EUA), a burocracia excessiva nas operações de comércio exterior (o Brasil ocupa a 124ª posição no ranking Doing Business do Banco Mundial) e a dificuldade em atender às exigências técnicas e sanitárias do mercado americano, que frequentemente funcionam como barreiras não-tarifárias.

Nosso comentário

O setor privado mostra mais pragmatismo que o governo. Enquanto empresários buscam oportunidades, nossa política externa parece mais preocupada em agradar certos regimes do que abrir mercados para nossos produtos. É hora de menos ideologia e mais negócios!

 


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