QUARTO BOLETIM INDUSTRIAL

As principais notícias do setor industrial brasileiro da semana do 14 a 18 de abril de 2025

  14 DE ABR, 2025


QUARTO BOLETIM INDUSTRIAL

ALERTA VERMELHO: CONFIANÇA DA INDÚSTRIA DESPENCA AO MENOR NÍVEL DESDE A PANDEMIA

O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) caiu 1,2 ponto entre março e abril, passando de 49,2 pontos para 48 pontos, o menor patamar desde julho de 2020, período crítico da pandemia. O ICEI caiu em cinco dos últimos sete meses, acumulando recuo de 5,2 pontos no período. A avaliação sobre a economia brasileira despencou para apenas 34,8 pontos, enquanto a percepção sobre as próprias empresas caiu para 46,6 pontos. Segundo Claudia Perdigão, especialista da CNI, a falta de confiança reflete a desaceleração da atividade econômica e a desvalorização do real.

Análise técnica

 Este é um dado extremamente preocupante, pois o ICEI é um indicador antecedente da atividade industrial - quando cai abaixo de 50 pontos, como agora, sinaliza contração futura da produção. A queda acumulada de 5,2 pontos nos últimos sete meses demonstra uma tendência consistente de deterioração, não um evento isolado. A combinação de juros elevados (atualmente em 10,75% ao ano), desvalorização cambial (com o dólar acima de R$ 5,80) e desaceleração da atividade econômica forma um cenário técnico extremamente desafiador para investimentos industriais.

Nosso comentário

Este resultado desastroso do ICEI é consequência direta da política econômica intervencionista e estatista do atual governo. Enquanto o discurso oficial fala em “neoindustrialização”, na prática o que vemos é a manutenção de um ambiente hostil ao empreendedorismo industrial, com juros estratosféricos, carga tributária asfixiante e insegurança jurídica crescente. A especialista da CNI acerta ao apontar que a retomada do otimismo passa pela “descompressão da política monetária”, mas omite que os juros elevados são consequência direta da irresponsabilidade fiscal do governo. Enquanto países como Estados Unidos implementam políticas de reindustrialização baseadas em redução de impostos e desregulamentação, o Brasil insiste em fórmulas fracassadas de dirigismo estatal!

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FUNDO CLIMA INCLUIRÁ REÚSO E DESSALINIZAÇÃO PARA INDÚSTRIA

A pedido da CNI, o Fundo Clima – programa do governo federal de fomento à transição para a economia verde – admitirá financiamento para projetos de reúso de efluentes e dessalinização de águas salobras ou salinas para fins industriais. A inclusão foi proposta pela Confederação Nacional da Indústria e incorporada ao Plano Anual de Aplicação de Recursos (PAAR) 2025, aprovado na terça-feira (8), com orçamento de R$ 21,2 bilhões. Esses recursos serão operados pelo BNDES. Desde 2017, a CNI tem promovido estudos de potencial de reuso em estados como Alagoas, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará e Rio Grande do Sul, com a consultoria técnica do Centro Internacional de Referência em Reúso da Água (CIRRA/USP).

Análise técnica

A inclusão destas tecnologias representa um avanço técnico significativo. O reúso industrial de água pode reduzir em até 70% o consumo de água nova em processos produtivos, enquanto a dessalinização, embora energeticamente intensiva, pode garantir segurança hídrica em regiões com escassez crônica. Os estudos da CNI demonstram que existe potencial técnico para implementação destas soluções, especialmente em setores como têxtil, alimentos e bebidas, e químico. Em 2024, as atividades apoiadas pelo Fundo Clima evitaram a emissão de 86,6 milhões de toneladas de CO2, demonstrando o potencial de impacto ambiental positivo destes investimentos.

Nosso comentário

Esta é uma rara boa notícia vinda do atual governo, mas é importante ressaltar que o mérito é da CNI, que propôs a inclusão destas tecnologias no Fundo Clima, não de iniciativa governamental. O valor de R$ 21,2 bilhões parece expressivo, mas é preciso questionar: quantos destes recursos efetivamente chegarão ao setor produtivo e quantos serão capturados por projetos de fachada com conexões políticas? A experiência histórica com fundos governamentais no Brasil não inspira confiança. O setor privado já investe em reúso e dessalinização onde faz sentido econômico - o papel do governo deveria ser remover barreiras, não criar novos fundos com recursos dos contribuintes!

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GUERRA COMERCIAL EUA-CHINA: OPORTUNIDADE DE OURO PARA O BRASIL

O presidente dos EUA, Donald Trump, impôs tarifas adicionais de 145% sobre todas as importações chinesas, e a China retalou aumentando significativamente suas próprias tarifas sobre as importações dos EUA. As exportações de soja dos EUA para a China agora estão sujeitas a uma tarifa total de 135%. Durante a primeira guerra comercial entre EUA e China, o Brasil emergiu como vencedor, com as exportações brasileiras de soja para a China crescendo mais de 280% desde 2010. Em 2024, a China foi o principal destino da soja brasileira, respondendo por mais de 73% do total das exportações. A safra brasileira de soja deve atingir níveis recordes neste ano, e a China busca mais aliados além do Brasil para combater as tarifas americanas.

Análise técnica

Esta reconfiguração do comércio global cria uma oportunidade técnica concreta para o Brasil. Como maior exportador mundial de soja, o país pode ampliar sua participação no mercado chinês. Além da soja, outros produtos agroindustriais brasileiros como carnes processadas, celulose e açúcar podem se beneficiar da substituição de fornecedores americanos. Tecnicamente, isso pode acelerar investimentos em capacidade produtiva e infraestrutura logística no Brasil. Entretanto, há riscos: a volatilidade cambial resultante da guerra comercial pode dificultar o planejamento de longo prazo, e o eventual redirecionamento de produtos americanos para outros mercados pode pressionar preços globais.

Nosso comentário

Trump está absolutamente correto em sua postura firme contra as práticas comerciais desleais da China, que há décadas manipula sua moeda, subsidia sua indústria e rouba propriedade intelectual americana. O presidente americano está simplesmente defendendo os interesses nacionais dos EUA, algo que o Brasil deveria aprender a fazer. A oportunidade que se abre para o agronegócio brasileiro é fruto da competitividade construída pelo setor privado, não de políticas governamentais. Nossa produtividade agrícola é resultado de décadas de investimento em tecnologia e eficiência, apesar da infraestrutura precária e da burocracia sufocante. O governo brasileiro deveria aproveitar este momento para negociar acordos comerciais mais vantajosos com a China, em vez de manter sua tradicional postura subserviente!

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FUNDOS CONSTITUCIONAIS AUMENTAM RECURSOS PARA INDÚSTRIA EM 19%

Os Fundos Constitucionais de Financiamento (FNE, FCO e FNO) disponibilizarão R$ 7,7 bilhões em linhas de crédito para a indústria em 2025, um aumento de 19% em relação ao ano anterior. O FNE, voltado para o Nordeste, teve o maior crescimento (28%), disponibilizando R$ 5,7 bilhões. Já o FCO oferecerá R$ 1,5 bilhão para o Centro-Oeste (aumento de 4,7%) e o FNO disponibilizará R$ 520 milhões para o Norte (queda de 17,3%). Dos recursos do FNE, R$ 2,2 bilhões são destinados à chamada “Política de Neoindustrialização” e R$ 9,5 bilhões para infraestrutura.

Análise técnica

O crescimento expressivo do FNE (28%) pode viabilizar investimentos industriais em uma região historicamente deficitária em infraestrutura produtiva. As taxas subsidiadas destes fundos, que podem ser até 7 pontos percentuais menores que as praticadas no mercado, são particularmente relevantes no atual cenário de juros elevados. Entretanto, a distribuição desigual entre as regiões - com o FNO apresentando queda de 17,3% nos recursos para o Norte - pode acentuar desequilíbrios regionais. Além disso, o montante total (R$ 7,7 bilhões) representa apenas 0,07% do PIB brasileiro, valor insuficiente para impulsionar uma transformação industrial significativa.

Nosso comentário

Embora o aumento de recursos seja positivo, é preciso questionar a eficiência destes fundos constitucionais. Historicamente, estes mecanismos de crédito subsidiado têm sido utilizados de forma pouco transparente e frequentemente capturados por interesses políticos regionais. O verdadeiro desenvolvimento industrial não virá de subsídios estatais, mas da redução estrutural do Custo Brasil. De que adianta oferecer crédito mais barato se a empresa continuará pagando impostos exorbitantes e enfrentando burocracia sufocante? Os R$ 2,2 bilhões destinados à chamada “Política de Neoindustrialização” provavelmente serão desperdiçados em projetos ineficientes selecionados por critérios políticos, não técnicos!

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EUROPA SE PREPARA PARA INVASÃO DE PRODUTOS CHINESES, E O BRASIL?

 A União Europeia está se preparando para os impactos de uma avalanche de produtos chineses após as tarifas americanas de 145%. Plataformas chinesas como Shein e Temu já registram altas de vendas espetaculares nos últimos dois anos, uma performance que tende a disparar com o redirecionamento de produtos originalmente destinados ao mercado americano. Com o mercado dos EUA praticamente fechado, a China precisará escoar seu excedente de produção, estimado em centenas de bilhões de dólares anuais, e mercados como o Brasil e a União Europeia surgem como destinos prováveis para esta avalanche de produtos.

Análise técnica

A preocupação da União Europeia é tecnicamente fundamentada. O Brasil, com seu mercado relativamente aberto e baixas barreiras tarifárias para muitos produtos, torna-se um alvo natural para este redirecionamento. Setores industriais brasileiros como têxtil, calçados, eletrônicos e bens de capital, que já operam com margens comprimidas devido ao “Custo Brasil”, podem enfrentar uma competição ainda mais acirrada com produtos chineses que chegam com preços artificialmente baixos devido a subsídios estatais e práticas de dumping. Nossos mecanismos de defesa comercial são lentos e burocráticos - um processo antidumping leva em média 14 meses para ser concluído, enquanto o dano à indústria ocorre em questão de semanas.

Nosso comentário

Enquanto a União Europeia já se prepara para proteger sua indústria da avalanche de produtos chineses, o Brasil mantém uma postura passiva e ingênua. O atual governo, com sua retórica de “reindustrialização”, na prática faz pouco para proteger efetivamente nossa indústria da concorrência desleal. A China mantém um Estado forte que subsidia sua indústria e manipula sua moeda para ganhar competitividade artificial, práticas que distorcem completamente o livre mercado. O pedido do setor produtivo por monitoramento e mecanismos de defesa comercial é mais que justo, é uma questão de sobrevivência! Não se trata de protecionismo ultrapassado, mas de garantir condições equitativas de competição. Um país que não defende sua indústria está condenado a ser mero exportador de commodities!

 

 


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