Panorama da Energia no Brasil
Distribuição em Xeque, Consumo em Alta

Apesar do protagonismo nas fontes renováveis, o setor elétrico brasileiro enfrenta um paradoxo: cresce o consumo, mas a infraestrutura de distribuição não acompanha. Em 2024, o consumo de energia no país bateu recordes em diversas regiões, impulsionado pelo aumento da demanda residencial e industrial. Mesmo com esse avanço, milhões de brasileiros continuaram enfrentando falhas no fornecimento de energia elétrica.
Segundo dados da Aneel, a média nacional de interrupções chegou a 10h14 por consumidor ao longo do ano. Isso revela um cenário crítico: o sistema de distribuição, em muitos pontos, opera no limite da capacidade. Em estados como o Amapá, por exemplo, a média de interrupção ultrapassou 40 horas. Essa realidade se repete principalmente nas regiões Norte e Nordeste, que concentram os maiores índices de desigualdade energética. Nessas áreas, a dificuldade de acesso à energia de qualidade ainda é um obstáculo tanto para o conforto doméstico quanto para o desenvolvimento econômico local.
A maior parte das falhas está ligada à estrutura física: postes antigos, fiações expostas, equipamentos obsoletos e uma resposta operacional lenta por parte das concessionárias. A ausência de um plano robusto de renovação da malha elétrica compromete o desempenho, mesmo quando a geração é abundante.
Do ponto de vista econômico, o impacto é significativo. A falta de estabilidade no fornecimento de energia prejudica a indústria, encarece a produção e reduz a competitividade. Pequenas e médias empresas também são afetadas, com prejuízos que vão de perdas materiais a paralisações totais da operação.
Especialistas apontam que, para evitar um colapso em médio prazo, é preciso investir de forma mais incisiva na digitalização da rede, na automatização de respostas a quedas e na descentralização da geração com soluções locais, como sistemas fotovoltaicos e baterias inteligentes. O futuro da energia brasileira passa por uma escolha: reforçar a base agora ou enfrentar apagões mais frequentes à medida que a demanda cresce.