OITAVO BOLETIM INDUSTRIAL
As principais notícias do setor industrial brasileiro da semana do 21 a 25 de abril de 2025

PRODUÇÃO DE VEÍCULOS CAI 12,6% EM MARÇO E ANFAVEA ALERTA PARA IMPACTO DE TARIFAS DOS EUA NO SETOR
A produção de veículos no Brasil caiu 12,6% em março deste ano na comparação com fevereiro, totalizando 190.008 unidades, segundo dados divulgados pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Apesar do resultado negativo no mês, houve um avanço de 8,3% no acumulado do primeiro trimestre.
O setor acendeu um sinal de alerta diante dos impactos potenciais das tarifas anunciadas pelos Estados Unidos, que podem provocar uma reorganização produtiva na América Latina, afetando diretamente o Brasil. De acordo com a entidade, embora o governo brasileiro tenha atuado para mitigar os efeitos das medidas e o país tenha recebido a tarifa mínima, de 10%, a preocupação maior está na realocação de investimentos dentro da região.
Análise Técnica
A queda de 12,6% na produção de veículos em março representa um recuo significativo no curto prazo, embora o crescimento de 8,3% no acumulado do trimestre indique que o setor ainda mantém uma trajetória positiva no médio prazo. O principal desafio estrutural identificado pela Anfavea está relacionado à reorganização das cadeias produtivas globais em resposta às tarifas impostas pelos EUA.
Nosso Comentário
Enquanto a mídia progressista critica as tarifas de Trump como "protecionismo ultrapassado", a realidade mostra que os EUA estão simplesmente defendendo seus interesses nacionais e sua indústria - algo que o Brasil deveria aprender urgentemente. Nossa indústria automotiva sofre com a concorrência desleal de países como a China, que subsidia pesadamente seus fabricantes, e com a falta de uma política industrial coerente por parte do governo brasileiro.
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PRODUÇÃO BRASILEIRA DE AÇO BRUTO CRESCE 6,6% EM MARÇO
A produção brasileira de aço bruto em março somou 2,944 milhões de toneladas, crescimento de 6,6% sobre o resultado de um ano antes, informou o Aço Brasil, que representa siderúrgicas instaladas no país. No acumulado do trimestre, a produção de aço bruto totalizou 8,477 milhões de toneladas, 2,8% acima do registrado no mesmo período do ano passado.
As vendas de aço no mercado interno foram de 1,880 milhão de toneladas em março, alta de 10,7% na comparação anual, com crescimentos de 16,6% nos produtos planos e de 6,6% nos longos.
Análise Técnica
O crescimento de 6,6% na produção de aço bruto em março representa uma recuperação significativa do setor siderúrgico brasileiro. O crescimento mais expressivo nas vendas internas (10,7%) em comparação com o aumento da produção (6,6%) sugere uma redução nos níveis de estoque das siderúrgicas, o que é um indicador positivo para a saúde financeira do setor.
Nosso Comentário
O crescimento da produção de aço brasileiro é uma prova da resiliência do setor privado nacional, que consegue avançar mesmo enfrentando um ambiente hostil aos negócios. Imagine o potencial de nossa siderurgia se não tivéssemos que lidar com uma das cargas tributárias mais altas do mundo, infraestrutura precária e concorrência desleal da China.
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INDÚSTRIA DE HIDROGÊNIO VERDE NO BRASIL ATRAI INTERESSE DE INVESTIDORES ESTRANGEIROS
A produção de hidrogênio verde, apontada como o caminho "mais factível" para a descarbonização da indústria pesada, está em fase de estudos e complementação regulamentória no Brasil. Com alguns gargalos a serem superados, dentre eles a ampliação das redes elétricas de transmissão, a nova indústria espera ter projetos estruturantes até 2030 e hubs de hidrogênio consolidados até 2035.
Em recente congresso, o embaixador dos Países Baixos no Brasil destacou a parceria existente entre os dois países para o desenvolvimento da nova indústria e situou o país europeu como um dos futuros importadores do hidrogênio verde produzido no Brasil.
Análise Técnica
O desenvolvimento da indústria de hidrogênio verde no Brasil representa uma oportunidade estratégica de posicionamento do país na transição energética global. A vantagem competitiva brasileira neste setor deriva de dois fatores técnicos principais: a abundância de recursos renováveis (solar, eólica, hídrica e biomassa) e o custo relativamente baixo de geração dessas energias.
Nosso Comentário
O hidrogênio verde representa uma oportunidade de ouro para o Brasil, mas corremos o risco de repetir erros históricos: exportar matéria-prima de baixo valor agregado enquanto importamos produtos industrializados caros. A fala do embaixador holandês é reveladora: eles querem nosso hidrogênio verde para descarbonizar a indústria deles, não a nossa.
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GUERRA COMERCIAL ENTRE EUA E CHINA: AS 5 VANTAGENS DO PAÍS ASIÁTICO NO CONFLITO
A guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo está a todo vapor. As exportações chinesas para os Estados Unidos estão sujeitas a tarifas de até 245%, e Pequim respondeu com uma taxa de 125% sobre as importações americanas. Os consumidores, as empresas e os mercados estão se preparando para mais incertezas, à medida que os temores de uma recessão global aumentam.
Segundo análise da BBC, a China possui cinco vantagens principais neste conflito: 1) capacidade de absorver o golpe devido ao tamanho de sua economia e mercado interno; 2) investimentos significativos em tecnologias do futuro; 3) diversificação de parceiros comerciais; 4) conhecimento das vulnerabilidades de Trump; e 5) capacidade de subsidiar setores estratégicos.
Análise Técnica
A guerra comercial entre EUA e China representa uma reconfiguração significativa do comércio global, com implicações técnicas profundas para cadeias produtivas industriais. A imposição de tarifas de até 245% pelos EUA sobre produtos chineses e a retaliação chinesa com taxas de 125% sobre importações americanas criam distorções nos fluxos comerciais que vão muito além da relação bilateral entre as duas potências.
Nosso Comentário
A análise da BBC, como de costume, peca por ingenuidade ao tratar a China como um "competidor normal" no comércio global. O que estamos vendo não é uma simples "guerra comercial", mas uma resposta tardia do Ocidente ao mercantilismo predatório chinês que vem destruindo indústrias e empregos há décadas.
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"O PAÍS NOS DESANIMA", DIZ GUSTAVO WERNECK, PRESIDENTE DA GERDAU
Em entrevista à revista Veja, Gustavo Werneck, presidente da Gerdau, a maior siderúrgica do Brasil, afirmou temer pelo futuro da indústria brasileira. Segundo ele, a China, que hoje reclama do protecionismo americano, faz uso de concorrência predatória — e cita como exemplo o que ocorre hoje no mercado brasileiro. Nos últimos anos, a fatia do aço importado do dragão asiático saltou de 10% para 25% do mercado interno nacional.
"Em nenhum momento pedimos protecionismo. Pedimos defesa contra uma concorrência predatória e desleal. Hoje, a indústria brasileira concorre com o Estado chinês, não com empresas chinesas", afirmou Werneck.
Análise Técnica
A entrevista do presidente da Gerdau expõe desafios estruturais enfrentados pela indústria nacional, particularmente no setor siderúrgico. Do ponto de vista técnico, o aumento da participação do aço importado da China de 10% para 25% do mercado brasileiro representa uma mudança significativa na dinâmica competitiva do setor.
Nosso Comentário
Werneck expõe com clareza o que muitos empresários brasileiros temem dizer por medo de represálias: nosso país está abandonando sua indústria. Enquanto a China protege agressivamente seus setores estratégicos e os EUA implementam tarifas para defender seus empregos, o Brasil segue na contramão, com um governo que parece mais preocupado em agradar a ideologias ultrapassadas do que em defender o interesse nacional.