Millpar paralisa produção após tarifa de 50% dos EUA e expõe crise no setor madeireiro
Enquanto Wall Street observa os impactos globais, indústrias do Paraná entram em férias coletivas diante do novo imposto sobre compensados.

A decisão dos Estados Unidos de impor tarifa de 50% sobre compensados de madeira do Brasil, válida a partir de 1º de agosto, já afeta diretamente a indústria nacional. A Millpar, madeireira localizada em Guarapuava (PR), iniciou férias coletivas de 15 dias como forma de proteger o caixa e ajustar a operação diante da queda nas exportações.
O anúncio veio em comunicado interno assinado pelo CEO Ettore Giacomet Basile, que confirmou a criação de um Comitê de Crise para conduzir medidas como cortes orçamentários, replanejamento de estoques e suspensão temporária de turnos.
A BrasPine, empresa sediada em Jaguariaíva, também adotou férias coletivas de 30 dias para 700 colaboradores, divididos em duas turmas. Segundo a empresa, a tarifa comprometeu a competitividade dos produtos brasileiros, afetando principalmente as exportações de molduras para os EUA e pellets para a Europa.
De acordo com a Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (Apre), o setor florestal no estado movimentou US$ 627 milhões em exportações em 2024 e gera mais de 400 mil empregos diretos e indiretos. O temor é que a medida dos EUA gere um efeito dominó na cadeia e pressione o mercado de trabalho industrial.
O caso reacende o debate sobre a falta de acordos bilaterais robustos e a vulnerabilidade da indústria brasileira frente a medidas protecionistas internacionais.