Klabin suspende produção de papel reciclado em Paulínia por falta de viabilidade econômica

Queda na demanda e custo elevado das aparas tornam operação insustentável. Produção será redistribuída entre outras unidades da companhia.

  23 DE JUL, 2025


Klabin suspende produção de papel reciclado em Paulínia por falta de viabilidade econômica

A Klabin, maior produtora e exportadora de papéis para embalagens do Brasil, anunciou a paralisação temporária da sua unidade de papel reciclado em Paulínia, interior de São Paulo. A decisão foi comunicada aos colaboradores no início da manhã de segunda-feira, 21 de julho, e, segundo a empresa, decorre de “questões mercadológicas fora do controle da companhia”.

O principal fator apontado para a suspensão é a combinação entre a queda de preços de venda do papel reciclado e a elevação do custo das aparas, matéria-prima derivada de papel usado. Com isso, a produção da unidade tornou-se economicamente inviável, especialmente em um cenário no qual o kraftliner (papel virgem) se tornou mais competitivo. A valorização do real frente ao dólar nos últimos meses contribuiu para esse cenário, reduzindo os custos do kraftliner e tornando o reciclado menos atraente do ponto de vista comercial.

A planta de Paulínia foi incorporada à Klabin em 2020 como parte da aquisição dos ativos da International Paper no Brasil. Com capacidade instalada de 65 mil toneladas por ano e operação em três turnos, a fábrica já vinha reduzindo sua atividade desde o ano anterior. A empresa afirma que o abastecimento aos clientes não será impactado, pois a produção poderá ser redistribuída entre outras unidades.

Com a hibernação da unidade paulista, a Klabin mantém uma capacidade ativa de cerca de 400 mil toneladas anuais de papel reciclado, concentradas nas fábricas de Piracicaba (SP), Guapimirim (RJ) e Goiana (PE). A companhia reforçou que a paralisação é temporária, sem previsão de retomada, e que os colaboradores afetados estão sendo acompanhados com planos de realocação e suporte trabalhista.

A medida acende um alerta sobre a pressão enfrentada pela indústria de papel reciclado no Brasil. Especialistas do setor apontam que, sem políticas de incentivo à reciclagem e sem maior previsibilidade na cadeia de suprimentos, a competitividade dessa linha produtiva tende a se deteriorar. O avanço da automação e a busca por eficiência têm levado empresas como a Klabin a concentrar sua produção em unidades maiores e mais integradas verticalmente.

A Klabin opera atualmente com 24 unidades industriais, sendo 23 no Brasil e uma na Argentina, e capacidade total de cerca de 3 milhões de toneladas por ano em papéis para embalagens. O movimento em Paulínia é mais um reflexo das adaptações que grandes players estão promovendo para manter a rentabilidade em um cenário de margens apertadas e demanda instável.


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