Inflação no Canadá sobe para 1,9% e pressiona decisão do Banco Central

Alta no preço de carros e móveis impulsiona índice; corte de juros em julho fica mais distante

  15 DE JUL, 2025


Inflação no Canadá sobe para 1,9% e pressiona decisão do Banco Central

A inflação voltou a acelerar no Canadá. Em junho, o índice anual de preços ao consumidor chegou a 1,9%, acima dos 1,7% registrados em maio. A alta foi puxada, principalmente, por veículos de passeio e bens duráveis como móveis, segundo dados divulgados nesta terça-feira (15) pelo Statistics Canada.

O aumento ficou dentro do esperado pelos analistas, mas evidencia que a trajetória de desaceleração continua pressionada por fatores pontuais e estruturais. Sem os efeitos do setor de energia, por exemplo, a inflação "núcleo" chegou a 2,7%, mais próxima das faixas de atenção do Banco Central do Canadá.

Energia estável, mas carros sobem forte

Apesar da relativa estabilidade nos preços da gasolina, resultado do equilíbrio entre petróleo mais caro e impactos geopolíticos, os veículos novos ficaram 4,1% mais caros em relação a junho do ano passado. Foi a maior alta em mais de um ano. Já os carros usados voltaram a subir após 18 meses de queda, impulsionados pela baixa oferta nas concessionárias.

Alimentos e habitação, por outro lado, aliviaram a pressão inflacionária. O índice de alimentos caiu de 3,4% para 2,9%, puxado por hortaliças mais baratas. Já o segmento de moradia também caiu para 2,9% no comparativo anual.

Mercado agora aposta em manutenção da taxa de juros

Com a inflação persistente e o mercado de trabalho aquecido, foram criados 83 mil empregos em junho, analistas descartam um corte na taxa básica ainda este mês. A próxima decisão do Bank of Canada será em 30 de julho e a expectativa de redução na taxa caiu de 13% para menos de 10%, segundo dados da LSEG Data & Analytics.

Para Derek Holt, vice-presidente do Scotiabank, os indicadores de núcleo continuam elevados demais para justificar qualquer afrouxamento monetário. Doug Porter, economista-chefe do BMO, reforça que não houve avanço na chamada “amplitude da inflação”, ou seja, a alta ainda está espalhada por vários setores.

Impacto para o Brasil e para o câmbio

A decisão do Canadá afeta diretamente o real e os investimentos estrangeiros no Brasil. Com menos espaço para cortes por lá, o dólar tende a permanecer valorizado, dificultando importações industriais brasileiras e pressionando o custo de insumos ligados à cadeia automotiva e agrícola.

Além disso, o Canadá é um dos principais parceiros comerciais do Brasil na América do Norte, especialmente no setor de fertilizantes e papel e celulose.


anuncio