Índia recalcula rota industrial: US$ 23 bi em incentivos não bastam para competir com a China
Após quatro anos de subsídios fracassados, analistas sugerem cooperação com Pequim – enquanto Modi sinaliza reaproximação

Quatro anos e US$ 23 bilhões depois, a Índia reconhece o que analistas já previam: substituir a China como potência manufatureira exige mais que subsídios. O ambicioso programa Production-Linked Incentive (PLI), lançado em 2019 para impulsionar a indústria local e atrair empresas que deixavam a China, terminou com resultados modestos. A participação industrial no PIB, que deveria chegar a 25%, recuou de 15,4% para 14,3%. Apenas os setores de smartphones e farmacêuticos absorveram 94% dos incentivos distribuídos até outubro de 2024 – US$ 620 milhões em um plano que prometia ser 37 vezes maior.
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O problema, segundo especialistas chineses como Long Xingchun, da Universidade de Sichuan, vai além da infraestrutura precária e da escassez de mão de obra qualificada. "Faltou sinceridade política", afirma, referindo-se aos entraves burocráticos que atrasaram pagamentos e desestimularam investidores. Empresas que apostaram no "Make in India" enfrentaram dificuldades para acessar os benefícios, enquanto a complexa cadeia produtiva chinesa seguia insubstituível.
O recuo de Nova Délhi parece claro. Em um podcast recente, o primeiro-ministro Narendra Modi defendeu "competição saudável" com a China e sugeriu a retomada das relações ao patamar pré-2020 – quando os dois países ainda não viviam a crise geopolítica agravada pelos confrontos no Himalaia. Pequim respondeu com um convite ao "pas de deux entre dragão e elefante", nas palavras da porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Mao Ning.
O episódio revela o dilema indiano: continuar investindo em um projeto de autossuficiência industrial de longo prazo ou adotar uma postura mais pragmática, aproximando-se da China para absorver tecnologia e acelerar o desenvolvimento de suas cadeias produtivas. Enquanto Modi equilibra retórica nacionalista com sinais de abertura, o setor privado já sabe – sem a eficiência logística e a escala chinesa, mesmo incentivos bilionários podem não ser suficientes.
- O PLI fazia parte da campanha "Make in India", que pretendia transformar o país em uma alternativa à China na cadeia global de suprimentos.
- Apesar do fracasso relativo, a Índia mantém ambições industriais e busca posicionar-se como peça-chave na estratégia dos EUA para o Indo-Pacífico.
- Analistas sugerem que a cooperação com empresas chinesas poderia ajudar a Índia a superar gargalos tecnológicos e de infraestrutura.
Fonte: Redação Brasil 247
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