Importações Agressivas vs. Inovação Local: O Dilema da Petroquímica Brasileira

Setor enfrenta baixa utilização, concorrência externa e custos elevados. Especialista aponta inovação tecnológica, ESG e políticas de defesa industrial como saídas para a crise.

  14 DE MAI, 2025


Importações Agressivas vs. Inovação Local: O Dilema da Petroquímica Brasileira

A indústria petroquímica brasileira, um pilar fundamental para diversos setores como embalagens, construção civil, automotivo e tecnologia, enfrenta um período de significativos desafios que ameaçam sua sustentabilidade e competitividade. O cenário atual é marcado por custos de produção elevados, uma sobrecapacidade global que pressiona os preços, o aumento de importações predatórias – especialmente da China e dos Estados Unidos – e uma desaceleração no consumo interno. Esses fatores conjugados resultaram na queda da taxa de utilização das fábricas nacionais para os níveis mais baixos em 34 anos, com aproximadamente 49% do consumo interno sendo suprido por produtos importados, intensificando a concorrência e impactando negativamente a produção local, levando inclusive ao fechamento de unidades produtivas.

Diante dessa conjuntura adversa, especialistas do setor apontam para a necessidade urgente de um conjunto de ações coordenadas, focadas em três eixos principais, para reverter o quadro e garantir que a indústria petroquímica nacional retome seu papel de motor do progresso e da competitividade global.

O primeiro caminho reside na busca incessante por eficiência operacional e inovação. A adoção de tecnologias avançadas, como a Internet das Coisas (IoT), Data Analytics e a digitalização de processos, surge como uma ferramenta crucial. Empresas que investem nessas frentes têm demonstrado capacidade de otimizar suas operações, reduzir custos e aumentar a segurança, fatores essenciais para a retomada da competitividade. A análise de dados em tempo real, por exemplo, permite identificar gargalos, otimizar o uso de recursos humanos e equipamentos, e tomar decisões estratégicas mais assertivas, transformando dados em vantagens competitivas duradouras.

Paralelamente, a integração de práticas de sustentabilidade, sob a ótica completa do ESG (Ambiental, Social e Governança), é apontada como um pilar estratégico. O mercado consumidor, investidores e órgãos reguladores demandam compromissos claros com a agenda ESG, que vai além da minimização dos impactos ambientais. É fundamental que as empresas do setor também foquem nos aspectos sociais, como a segurança e o bem-estar dos trabalhadores, e na governança corporativa, implementando processos administrativos robustos. Iniciativas que melhoram a segurança no trabalho, por exemplo, não apenas cumprem um papel social, mas também geram impactos positivos na produtividade e na redução de custos.

O terceiro eixo de atuação envolve a defesa e o fortalecimento da indústria nacional por meio de políticas públicas eficazes. Medidas como o fortalecimento do Regime Especial da Indústria Química (REIQ), a implementação de ações antidumping e a elevação temporária de tarifas sobre produtos importados são consideradas cruciais para proteger a produção local da concorrência desleal. Adicionalmente, o investimento em infraestrutura é vital para que o setor possa lidar com as importações predatórias e equilibrar a competição no mercado.

A superação dos desafios impostos à indústria petroquímica brasileira exige, portanto, uma abordagem multifacetada que combine inovação tecnológica, um compromisso genuíno com a sustentabilidade em todas as suas dimensões e um ambiente regulatório e político que favoreça a produção nacional. A exploração de soluções que forneçam inteligência operacional baseada em dados, como centrais de monitoramento e análise de ativos e pessoas, pode auxiliar as empresas a maximizar a utilização de sua capacidade instalada, reduzir a ociosidade e ajustar rapidamente suas operações às dinâmicas do mercado, pavimentando o caminho para um futuro mais competitivo e resiliente.

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Referência: https://revistapetrus.com.br/2025/03/cenarios-e-desafios-da-industria-petroquimica-nacional-como-resolver/


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