DÉCIMO TERCEIRO BOLETIM INDUSTRIAL

As principais notícias do setor industrial brasileiro da semana do dia 26/05 a 01/06

  26 DE MAI, 2025


DÉCIMO TERCEIRO BOLETIM INDUSTRIAL

MP do Setor Elétrico Aumenta em 20% Custo da Indústria

A Medida Provisória do setor elétrico, assinada pelo presidente Lula na semana passada, deve aumentar em cerca de 20% os custos com energia para a indústria brasileira, segundo cálculos da Abrace (Associação Brasileira de Grandes Consumidores de Energia). A MP altera diversas leis do setor elétrico com o objetivo de modernizar o setor, promover mais eficiência e competitividade, mas também amplia subsídios para consumidores de baixa renda, o que deve impactar os custos para o setor industrial.

Análise Técnica

A Medida Provisória do setor elétrico representa um impacto significativo na estrutura de custos da indústria brasileira. O aumento projetado de 20% nos custos energéticos afetará diretamente a competitividade do setor, especialmente para indústrias eletrointensivas como siderurgia, metalurgia, química e papel e celulose, onde a energia pode representar até 40% dos custos operacionais. Este aumento ocorre em um momento em que o Brasil já possui uma das tarifas industriais de energia mais elevadas entre as principais economias, cerca de 40% acima da média mundial segundo dados da Agência Internacional de Energia. Do ponto de vista técnico, a MP busca modernizar o setor elétrico e ampliar o acesso à energia para famílias de baixa renda, mas transfere parte significativa desse custo para o setor produtivo, o que pode comprometer investimentos e a capacidade de geração de empregos no curto prazo.

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Indústria Desacelera Investimentos e Reduz Expectativas em Maio

A intenção de investimento dos empresários da indústria caiu 0,3 ponto, para 56,1 pontos em maio, atingindo o menor patamar desde novembro de 2023, segundo a Sondagem Industrial divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). No acumulado de 2025, a queda já soma 2,7 pontos, após ter atingido um pico em dezembro do ano passado. Além da menor intenção de investir, os empresários também reduziram suas expectativas para os próximos meses.

Análise Técnica

A queda no índice de intenção de investimento para 56,1 pontos em maio, o menor nível desde novembro de 2023, sinaliza uma tendência preocupante para o setor industrial. Tecnicamente, embora o índice ainda esteja acima da linha divisória de 50 pontos (que separa intenção de investir de não investir), a trajetória descendente por cinco meses consecutivos indica uma deterioração gradual da confiança dos empresários. O acúmulo de 2,7 pontos de queda em 2025 reflete incertezas quanto ao ambiente de negócios, possivelmente relacionadas à manutenção de juros elevados, pressões de custos e preocupações com a demanda futura. Este indicador é particularmente relevante por ser um termômetro antecedente da formação bruta de capital fixo, componente essencial do PIB que determina a capacidade produtiva futura da economia. A desaceleração dos investimentos pode comprometer a modernização do parque industrial brasileiro e sua capacidade de acompanhar avanços tecnológicos globais.

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Produção Industrial Brasileira Cresce 1,2% em Março, Maior Alta em 7 Anos

A produção industrial brasileira cresceu 1,2% na passagem de fevereiro para março de 2025, interrompendo uma sequência de estagnação. Este foi o maior avanço para o mês de março nos últimos sete anos. Na comparação com março de 2024, a produção industrial subiu 3,1%, bem acima da expectativa mediana do mercado, que era de elevação de 1,5%. No acumulado de 2025, o setor registra avanço de 1,9%, e nos últimos 12 meses, de 3,1%.

Análise Técnica

O crescimento de 1,2% da produção industrial em março representa uma inflexão positiva após um período de estagnação. Tecnicamente, este resultado interrompe uma sequência de cinco meses sem crescimento significativo e supera consideravelmente as expectativas do mercado. O avanço de 3,1% na comparação anual é mais que o dobro da expectativa mediana (1,5%), indicando uma recuperação mais robusta que o previsto. O acumulado de 1,9% no primeiro trimestre de 2025 e de 3,1% nos últimos 12 meses sugere que, apesar das dificuldades, a indústria brasileira mantém uma trajetória de crescimento moderado no médio prazo. Este desempenho pode estar relacionado à normalização das cadeias de suprimentos globais, à recuperação gradual da demanda interna e a uma possível antecipação de produção antes dos feriados de abril. A indústria ainda opera 2,8% abaixo do pico histórico de maio de 2011, o que indica espaço para crescimento sem pressões imediatas de capacidade.

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Produção Industrial Sobe em 10 dos 15 Locais Pesquisados em Março

Dez dos 15 locais investigados pela Pesquisa Industrial Mensal (PIM) Regional expandiram a produção na passagem de fevereiro para março de 2025, segundo dados divulgados pelo IBGE. Os destaques positivos foram Pernambuco (5,5%), Amazonas (4,9%) e Ceará (4,7%). Entre os cinco locais que registraram queda, os recuos mais intensos ocorreram no Espírito Santo (-3,9%) e no Pará (-2,5%).

Análise Técnica

A expansão da produção industrial em 10 dos 15 locais pesquisados pela PIM Regional demonstra uma disseminação geográfica do crescimento industrial em março. Tecnicamente, esta abrangência é um indicador positivo, sugerindo que a recuperação não está concentrada apenas em polos industriais específicos. Os destaques positivos - Pernambuco (5,5%), Amazonas (4,9%) e Ceará (4,7%) - indicam um desempenho acima da média nacional (1,2%) em estados do Norte e Nordeste, regiões tradicionalmente menos industrializadas. Por outro lado, as quedas mais intensas no Espírito Santo (-3,9%) e no Pará (-2,5%) podem estar relacionadas à desaceleração de setores específicos, como mineração e siderurgia, importantes nessas regiões. Esta heterogeneidade regional reflete as diferentes composições setoriais das economias estaduais e suas exposições variadas a fatores como demanda externa, custos logísticos e políticas de incentivo locais.

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Cadeia Produtiva do Tabaco Impulsiona Indústria e Agro no Brasil

O setor do tabaco deve ultrapassar a marca de US$ 3 bilhões em exportações em 2025, segundo projeção da consultoria Deloitte, com crescimento estimado entre 10% e 15% tanto em volume quanto em divisas. As indústrias do setor são responsáveis por mais de 40 mil empregos diretos no Brasil. Em 2024, foram exportadas 455 mil toneladas de tabaco brasileiro para 113 países, gerando divisas de US$ 2,98 bilhões. O Brasil é o terceiro maior produtor mundial e líder em exportações há mais de três décadas.

Análise Técnica

O desempenho projetado para o setor do tabaco, com expectativa de ultrapassar US$ 3 bilhões em exportações em 2025, representa um crescimento de 10% a 15% sobre o resultado de 2024 (US$ 2,98 bilhões). Tecnicamente, este setor demonstra resiliência e capacidade de expansão mesmo em um cenário global de restrições crescentes ao consumo de tabaco. A liderança brasileira nas exportações há mais de três décadas se sustenta em vantagens competitivas como condições climáticas favoráveis, expertise técnica acumulada e um sistema integrado de produção que conecta os mais de 150 mil produtores rurais às indústrias processadoras. Os 40 mil empregos diretos gerados pelas indústrias do setor, somados aos empregos indiretos na cadeia produtiva, fazem do tabaco um importante vetor econômico, especialmente em regiões como o Vale do Rio Pardo (RS), onde representa mais de 60% da economia local. A diversificação de mercados, com exportações para 113 países, também reduz a vulnerabilidade do setor a restrições em mercados específicos.

 


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