Construção Modular Off-Site: Brasil avança na industrialização do setor com tecnologia e sustentabilidade
Brasil ao Cubo lança linha Trends Loft e reduz tempo de obra em 70%

O que aconteceu
A construtora Brasil ao Cubo, pioneira em construção modular off-site no país, expandiu sua linha de produtos residenciais com o lançamento do Trends Loft Vertical, sistema construtivo modular que permite a construção de edifícios de até 8 pavimentos em tempo 70% menor que métodos tradicionais. O sistema, com apartamentos de 28m² totalmente mobiliados de fábrica, representa um avanço na industrialização da construção civil brasileira e responde ao crescente desafio de escassez de mão de obra qualificada e aumento de custos no setor.
Por que é relevante
A expansão da construção modular no Brasil coincide com um momento de transição para o setor, que enfrentará em 2025 uma desaceleração em seu crescimento, conforme projeção da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) de 2,3%, após um 2024 com expansão estimada de 4,3%. Segundo análises do setor, a escassez de mão de obra qualificada e o aumento dos custos de construção estão entre os principais fatores que pressionam o setor, tornando a industrialização do processo construtivo uma necessidade competitiva no atual cenário econômico.
Para o setor
A construção modular off-site, que consiste na fabricação de unidades completas em ambiente industrial controlado para posterior transporte e montagem no terreno final, está modificando metodologias construtivas no Brasil. Dados do setor indicam redução no tempo de obra, menor geração de resíduos, maior controle de qualidade e diminuição da dependência de mão de obra no canteiro, questões cada vez mais relevantes frente à reforma tributária e às novas exigências ambientais previstas para 2025.
A tecnologia em detalhes
O sistema construtivo da Brasil ao Cubo utiliza estruturas metálicas como base para seus módulos, que são fabricados em linha de produção industrial. Cada unidade sai da fábrica com a parte elétrica, hidráulica, acabamentos e mobiliário já instalados e testados.
"Nosso propósito é oferecer soluções construtivas ágeis e industrializar a construção civil brasileira", afirma Ricardo Mateus, engenheiro civil e de produção, fundador da empresa que iniciou suas operações em 2016, em Tubarão, Santa Catarina.
A linha Trends Loft Vertical permite a fabricação e empilhamento de módulos residenciais para criar edifícios de múltiplos andares. As unidades já saem da fábrica com acabamentos, sistemas elétricos e hidráulicos testados, e mobília instalada, prontas para serem habitadas após a montagem no local definitivo.
O sistema permite flexibilidade de design e personalização, adaptando-se a diferentes projetos arquitetônicos. A empresa também desenvolveu o Trends Loft Parking, uma solução para aproveitar espaços aéreos de estacionamentos, permitindo a utilização de áreas antes subutilizadas.
Desenvolvimento do mercado
A construção modular vem ganhando espaço no Brasil nos últimos anos, com ampliação de linhas de produtos e aumento da capacidade produtiva de empresas como a Brasil ao Cubo, a Modularis, a NFI Modular e a Construmod, principais empresas do setor.
Estatísticas recentes indicam que a indústria da construção civil brasileira registrou crescimento de 12% no uso de métodos industrializados em 2024, seguindo uma tendência global de busca por maior eficiência e sustentabilidade no setor.
"A construção modular não é mais vista apenas como alternativa para obras temporárias ou emergenciais, mas como solução definitiva para diversos segmentos, desde o residencial até o industrial e hospitalar", analisa Bruno Loreto, especialista em construção off-site, em publicação sobre o mercado brasileiro.
Impacto nas operações do setor
A adoção de métodos construtivos modulares altera processos tradicionais da construção civil, modificando práticas estabelecidas há décadas. Entre os principais benefícios operacionais documentados estão:
- Redução de até 70% no tempo de obra, permitindo retorno mais rápido do investimento
- Diminuição de até 90% na geração de resíduos de construção
- Redução significativa na necessidade de mão de obra no canteiro
- Maior previsibilidade de custos e prazos
- Controle superior de qualidade por produção em ambiente controlado
- Menor impacto ambiental durante a construção
"A construção modular responde diretamente aos três principais desafios que o setor enfrentará em 2025: escassez de mão de obra, aumento de custos e pressão por sustentabilidade", avalia Eduardo Aroeira, vice-presidente da CBIC.
Setores beneficiados
Diversos segmentos têm adotado a construção modular, com potenciais benefícios específicos:
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Residencial econômico: Programas como o Minha Casa Minha Vida podem se beneficiar da velocidade e previsibilidade de custos
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Hotelaria e hospedagem: Tempo reduzido até inauguração e possibilidade de relocação futura são relevantes para o setor
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Edificações hospitalares: Unidades com controle de qualidade e ambientes controlados para áreas críticas
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Construções temporárias: Eventos, canteiros de obras e estruturas que podem ser desmontadas e reutilizadas
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Projetos em locais remotos: A montagem simplificada reduz desafios logísticos em áreas de difícil acesso
Análise técnica
A construção modular off-site representa uma mudança metodológica significativa em uma indústria tradicionalmente resistente a inovações disruptivas. Em um momento em que o setor enfrenta múltiplos desafios - desde a escassez de mão de obra até as pressões por descarbonização - a industrialização do processo construtivo oferece soluções para questões estruturais.
Em países como EUA, Japão e nações europeias, a construção modular já representa uma fatia significativa do mercado de construção. A PWC estima que o mercado global de construção modular crescerá a uma taxa anual de 8,6%, alcançando US$ 137,6 bilhões até 2028.
A tecnologia também se alinha com a crescente tendência de economia circular na construção civil, outro tema que ganhará relevância em 2025. "A construção modular permite que edifícios sejam desmontados ao fim de sua vida útil e seus componentes reutilizados em novos projetos, em vez de virarem resíduos", explica Carlos Medeiros, professor de tecnologias construtivas da Universidade de São Paulo.
Do ponto de vista técnico, a construção modular também representa um avanço na qualidade das edificações, pois processos industrializados tendem a apresentar menos variabilidade e maior conformidade com especificações. Isso pode resultar em edificações com melhor desempenho térmico, acústico e durabilidade superior.
Perspectivas futuras
Para 2025, especialistas projetam a continuidade da expansão da construção modular no Brasil, com algumas tendências específicas:
- Aumento na escala dos projetos, com edifícios progressivamente mais altos
- Maior integração com tecnologias de BIM (Building Information Modeling) para otimização de projetos
- Incorporação de soluções sustentáveis, como painéis solares e sistemas de reuso de água já integrados de fábrica
- Expansão para novos mercados, especialmente habitação social
- Desenvolvimento de materiais mais leves e com menor pegada de carbono
- Integração com tecnologias IoT e automação residencial como padrão
Empresas como a Brasil ao Cubo já estão se preparando para estes avanços, com investimentos em ampliação de capacidade produtiva e desenvolvimento de novas soluções construtivas que atendam às demandas por edificações mais eficientes e sustentáveis.
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Referências: Brasil ao Cubo AECweb