China antecipa importações e fecha 12 milhões de toneladas de soja com o Brasil deixando os EUA fora da principal janela de exportação

Importadores chineses garantem milhões de toneladas do grão brasileiro e reduzem espaço para exportadores norte-americanos.

  13 DE AGO, 2025


China antecipa importações e fecha 12 milhões de toneladas de soja com o Brasil deixando os  EUA fora da principal janela de exportação

Exportadores de soja dos Estados Unidos enfrentam a possibilidade de perder bilhões de dólares em vendas para a China em 2025. O motivo é a antecipação das compras pelo maior importador mundial de oleaginosas, que já assegurou embarques exclusivamente da América do Sul para um período tradicionalmente dominado pela safra norte-americana.

Segundo informações de mercado, aproximadamente 8 milhões de toneladas métricas de soja foram reservadas para embarque em setembro, todas originadas no Brasil e países vizinhos. Para outubro, as reservas somam cerca de 4 milhões de toneladas, metade da demanda mensal estimada da China, também vindas da América do Sul. No ano passado, no mesmo intervalo, as compras chinesas junto aos EUA chegaram a 7 milhões de toneladas.

Historicamente, as vendas de soja dos EUA para a China se concentram entre setembro e janeiro, antes da entrada da nova safra brasileira. No entanto, a decisão de Pequim de ampliar estoques no terceiro trimestre indica uma estratégia preventiva frente a possíveis riscos de abastecimento no final do ano. Além disso, a tarifa de 23% imposta por Pequim à soja norte-americana mantém o produto menos competitivo frente ao brasileiro, mesmo com a recente extensão de 90 dias da trégua tarifária firmada entre Donald Trump e Xi Jinping.

Em 2024, a China importou cerca de 105 milhões de toneladas métricas de soja. Desse total, 22,13 milhões vieram dos EUA, avaliadas em US$ 12 bilhões. Para cumprir a meta de importações defendida por Trump, que propôs quadruplicar as compras antes do fim da trégua, seria necessário que a China priorizasse quase exclusivamente o fornecimento norte-americano, cenário considerado inviável por analistas.

Especialistas avaliam que apenas um acordo bilateral para redução das tarifas poderia estimular a retomada das compras da safra dos EUA ainda este ano. Caso isso ocorra, a janela de exportação norte-americana poderia ser estendida, pressionando a entrada da soja brasileira no mercado global a partir de janeiro. Até lá, o Brasil mantém vantagem estratégica no abastecimento e amplia sua participação em um mercado que movimenta mais de US$ 80 bilhões anuais.


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