Caterpillar recua após elevar previsão de impacto tarifário em 2025
Fabricante de máquinas pesadas estima despesas entre US$ 1,5 bilhão e US$ 1,8 bilhão no ano, em meio a tarifas impostas pelos EUA e demanda enfraquecida

As ações da Caterpillar caíram até 3% na sexta-feira, após a companhia revisar para cima suas estimativas de impacto tarifário para 2025. A fabricante de equipamentos de construção e mineração agora prevê custos adicionais entre US$ 1,5 bilhão e US$ 1,8 bilhão no ano, frente à previsão anterior de até US$ 1,5 bilhão.
O cenário reflete um ambiente desafiador para os fabricantes industriais norte-americanos, que enfrentam tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e juros elevados. Analistas destacam que, até o momento, a Caterpillar e outras companhias do setor têm demonstrado pouca capacidade de repassar os custos extras ao consumidor.
Segundo o Morgan Stanley, esse é o principal ponto de atenção para investidores. "Nossa preocupação continua sendo que a CAT e o grupo de equipamentos de construção demonstraram até agora pouca ou nenhuma capacidade de repassar tarifas", afirmou o analista Angel Castillo.
Um levantamento da Reuters mostra que, entre 16 de julho e 20 de agosto, empresas globais que divulgaram balanços projetaram um impacto tarifário anual combinado de US$ 14,3 bilhões a US$ 15,9 bilhões, com tendência de alcançar quase US$ 15 bilhões também em 2026. Para a Caterpillar, o analista da Baird Equity, Mircea Dobre, estima um custo adicional de US$ 1,1 bilhão em 2026, sem perspectiva de alívio relevante no curto prazo.
Ainda assim, há vozes mais otimistas no mercado. Brian Langenberg, analista da Langenberg LLC, avalia que a demanda deve sustentar o negócio da companhia, mesmo em um ambiente de custos mais altos. "Irritante, mas não fatal. Demanda é demanda, e se alguém precisar de uma escavadeira, comprará e absorverá as tarifas", disse.
Apesar da queda recente, as ações da Caterpillar acumulam valorização de 20,9% em 2025, sendo negociadas a 21,34 vezes as estimativas de lucro futuro, acima da mediana do setor, de 18,46 vezes. O desempenho indica que, mesmo pressionada por tarifas, a empresa segue sendo avaliada de forma superior em relação aos seus pares.