Brasil precisa agir para manter liderança no agro, alertam John Deere, JBS e Bayer

No Congresso Brasileiro do Agronegócio, líderes da John Deere, JBS e Bayer alertam para riscos e apontam caminhos para preservar a liderança do Brasil no agro

  12 DE AGO, 2025


Brasil precisa agir para manter liderança no agro, alertam John Deere, JBS e Bayer

No Congresso Brasileiro do Agronegócio, realizado pela ABAG nesta segunda-feira (11), líderes da John Deere, JBS e Bayer alertaram que o Brasil corre o risco de perder espaço na liderança global em alimentos e energia se não enfrentar gargalos históricos e mudanças no cenário internacional. Entre as preocupações estão as tarifasimpostas pelos Estados Unidos, a pressão europeia por novas regras ambientais e a crescente diversificação de fornecedores pela China.

Alfredo Miguel, diretor da John Deere para a América Latina, destacou que a volatilidade das cadeias de suprimento exige revisão de rotas de exportação e origem de insumos, além de políticas públicas coordenadas. Márcio Santos, CEO da Bayer Brasil, reforçou que a competitividade construída ao longo de décadas pode se fragilizar diante de disputas internas, falta de crédito e instabilidade regulatória. Já Gilberto Tomazoni, CEO global da JBS, defendeu a diversificação geográfica e de portfólio para amortecer choques comerciais e sanitários.

Larissa Wachholz, especialista em geopolítica, chamou atenção para a dependência chinesa da soja brasileira, cerca de 70% das importações, e alertou para o movimento de Pequim em reduzir essa concentração, buscando fornecedores alternativos. Ela e os executivos defenderam a expansão de mercados para Índia, Malásia e Indonésia.

Outro ponto crítico foi a contestação de metodologias europeias para cálculo de emissões de carbono na pecuária. Tomazoni argumentou que o sistema lavoura-pecuária-floresta brasileiro captura carbono e deveria ter essa contribuição reconhecida internacionalmente. O executivo citou dados da Embrapa e estudos internacionais em andamento para embasar a defesa do modelo tropical em fóruns como a COP30.

O consenso entre os líderes é que a preservação da liderança brasileira no agro depende de inovação tecnológica, fortalecimento de centros de pesquisa, modernização da infraestrutura e união de entidades representativas para levar propostas consistentes ao governo. Como resumiu Alfredo Miguel, precisamos ser protagonistas e não vítimas do cenário global.


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