Brasil pode perder status de exportador de petróleo em menos de 10 anos, alerta EPE

Estagnação na exploração e atrasos em novos leilões colocam segurança energética em risco; EUA devem bater recorde de produção em 2025

  22 DE JUL, 2025


Brasil pode perder status de exportador de petróleo em menos de 10 anos, alerta EPE

Mesmo ocupando atualmente a 7ª posição entre os maiores produtores mundiais de petróleo, o Brasil enfrenta um desafio estratégico para manter sua autonomia energética. Projeções da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) indicam que, sem estímulos robustos à exploração e desenvolvimento de novas áreas, a produção nacional deve estabilizar até 2030 e entrar em declínio nas décadas seguintes, colocando o país em rota de se tornar importador líquido em menos de 10 anos.

 

Segundo boletins recentes da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a produção brasileira de petróleo atingiu 3,45 milhões de barris por dia em janeiro de 2025, consolidando uma recuperação sustentada após os impactos da pandemia. A produção total de petróleo e gás natural somou 4,46 milhões de barris de óleo equivalente por dia, com o pré-sal respondendo por 77,9% desse volume.

 

Enquanto isso, os Estados Unidos seguem ampliando sua liderança global graças ao petróleo de xisto, com previsão da Energy Information Administration (EIA) de atingir em 2025 a produção recorde de 13,5 milhões de barris por dia. Tal desempenho reforça sua influência geopolítica e consolida seu excedente para exportação.

 

O alerta para o Brasil surge da combinação da queda no ritmo de descobertas devido à ausência de leilões entre 2008 e 2013 e à morosidade na abertura de novas fronteiras exploratórias, como a Margem Equatorial, que enfrenta desafios regulatórios e ambientais. Essa falta de renovação das reservas, se não combatida, pode comprometer o superávit comercial do país, a oferta interna de combustíveis e a arrecadação de impostos.

 

Com a demanda interna em crescimento e o parque de refino nacional ainda dependente da importação de derivados como diesel, a balança energética brasileira corre risco de desequilíbrio já na próxima década. O Ministério de Minas e Energia, reconhecendo o cenário, incluiu mais de 90 blocos na oferta permanente da ANP e planeja novo leilão do pré-sal ainda este ano. A Petrobras também anunciou planos para ampliar perfurações na Bacia de Santos e expandir a capacidade de refino nas unidades RNEST e Replan.

 

Especialistas alertam que, sem um esforço conjunto para acelerar investimentos, modernizar a cadeia produtiva e incentivar a eficiência energética, o Brasil pode não apenas perder sua soberania energética, mas também comprometer a competitividade de setores industriais cruciais, como fertilizantes, plástico, mineração e transporte.


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