Azul garante US$ 650 milhões e avança em reestruturação nos EUA
Compromisso de investimento reforça liquidez da companhia aérea, reduz dívidas bilionárias e consolida parcerias estratégicas com United e American Airlines em meio à recuperação judicial.

A Azul S.A. garantiu um compromisso de investimento de US$ 650 milhões para seu processo de capitalização, conforme documento apresentado na sexta-feira à noite. O acordo, chamado de backstop commitment agreement, ainda depende da aprovação da corte dos Estados Unidos que supervisiona a recuperação judicial da companhia, iniciada em maio de 2025. A medida faz parte de uma reestruturação financeira de grande porte que busca dar fôlego à empresa após anos de endividamento agravado pela pandemia de Covid-19.
O plano em andamento prevê um financiamento de US$ 1,6 bilhão no formato debtor-in-possession (DIP), mecanismo utilizado para manter a operação durante processos judiciais de recuperação. Desse montante, cerca de US$ 670 milhões serão destinados a reforçar a liquidez no curto prazo. Posteriormente, esse capital será convertido por meio de uma oferta de ações no valor de até US$ 650 milhões, assegurada pelos compromissos firmados com investidores. A Azul também pode receber até US$ 300 milhões adicionais em aportes da United Airlines e da American Airlines, parceiros estratégicos que, além de capital, avaliam assumir cadeiras no conselho da companhia para fortalecer a cooperação internacional.
Outro ponto relevante foi a adesão da AerCap, maior locadora de aeronaves da Azul, ao acordo de reestruturação. A parceria deve reduzir significativamente as despesas de leasing, permitindo modernização de frota sem comprometer a liquidez. Com isso, a Azul busca eliminar mais de US$ 2 bilhões em dívidas e reduzir o índice dívida/EBITDA de aproximadamente quatro vezes para cerca de duas vezes, criando condições para retomar a expansão de forma sustentável.
Durante o processo, a companhia obteve prioridade judicial para manter a operação em pleno funcionamento, incluindo voos, programa de fidelidade, fornecedores e folha de pagamento. Essa continuidade é vista como essencial para preservar a confiança dos clientes e parceiros comerciais. Especialistas avaliam que a decisão reforça o compromisso dos credores e investidores com a recuperação da Azul, ao mesmo tempo em que consolida um modelo de reestruturação baseado em alianças estratégicas.
O movimento é considerado decisivo para o futuro da aviação brasileira, pois garante liquidez imediata, reorganiza o capital e fortalece a posição da Azul em um mercado competitivo. Caso a corte norte-americana aprove o acordo, a companhia terá pavimentado um caminho sólido para recuperar margens, reduzir custos financeiros e reposicionar sua estratégia de crescimento nos próximos anos.